Publica sua música na internet

TRIBALISMO: A ARMA DO REGIME PARA MANTER MOÇAMBIQUE DIVIDIDO e SUBMISSO

 

TRIBALISMO: A ARMA DO REGIME PARA MANTER MOÇAMBIQUE DIVIDIDO e SUBMISSO 


A história de Moçambique é marcada por ciclos de divisão e unidade, e o tribalismo tem sido um dos principais mecanismos de controlo social e político. Olhando para trás, percebemos que a união dos moçambicanos sempre ocorreu em momentos estratégicos, mas essa unidade nunca foi construída para o benefício do próprio povo. Foi sempre uma resposta à presença de um inimigo comum e, quando esse inimigo desaparecia, as divisões voltavam a ser alimentadas. O problema não está na diversidade étnica, mas sim na forma como essa diversidade tem sido manipulada para impedir que o povo alcance a sua verdadeira força.


DA LUTA CONTRA O COLONO À GUERRA ENTRE IRMÃOS 


No período pré-colonial, as etnias moçambicanas tinham as suas diferenças, mas não viviam num estado de ódio sistemático umas contra as outras. Existiam conflitos, mas também laços de comércio, casamentos intertribais e alianças. Foi com a chegada do colono português que a divisão começou a ser reforçada, pois os portugueses perceberam que um povo dividido é mais fácil de controlar.


Quando a luta pela independência começou, todas essas diferenças foram momentaneamente deixadas de lado. O colono era o inimigo e o povo precisava de estar unido para conquistar a liberdade. Mas, bastou a independência ser alcançada para que, mais uma vez, as velhas estratégias de divisão fossem retomadas. A guerra civil não foi apenas um confronto político entre a FRELIMO e a RENAMO. Foi também um conflito onde a questão tribal foi usada para aprofundar as cicatrizes do país. Quem ontem era irmão na luta contra o colono passou a ser inimigo na luta pelo poder.


Desde então, este problema nunca desapareceu. Pelo contrário, foi institucionalizado de forma silenciosa.


O TRIBALISMO COMO FERRAMENTA POLÍTICA NA ACTUALIDADE 


Hoje, em Moçambique, ainda ouvimos termos depreciativos como Xingondo, usados para reduzir outros irmãos moçambicanos à sua origem étnica, como se a identidade nacional não fosse mais importante do que isso. Esse tipo de linguagem não surge por acaso. É um reflexo de um sistema que, consciente ou inconscientemente, sempre se preocupou em manter o povo dividido.


O ensino precário é um dos principais instrumentos desta estratégia. Um povo com uma educação de qualidade aprende a questionar, a raciocinar e a identificar os seus verdadeiros problemas. Mas um povo mantido na ignorância torna-se facilmente manipulável, sendo levado a acreditar que o problema está no irmão de outra província, e não no sistema que mantém a todos na miséria.


A FRELIMO, ao longo dos anos, tem usado esta divisão como um escudo. Sempre que o povo se aproxima de uma unidade real, novas tensões são criadas. Porque um povo unido é uma ameaça. Um povo unido identifica o verdadeiro inimigo. Um povo unido luta contra o sistema, e não contra si mesmo.


A ENTRADA DE VENÂNCIO MONDLANE: UM PASSO PARA A UNIÃO NACIONAL 


Nos últimos anos, um fenómeno tem começado a quebrar esta lógica. A ascensão de figuras políticas como Venâncio Mondlane trouxe uma nova mentalidade: a de que Moçambique precisa de estar unido para derrotar o sistema que mantém o país refém. A popularização do termo anamalala, que já se tornou uma forma de identidade nacional, mostra que há um caminho para a superação do tribalismo.


A frase "O povo unido jamais será vencido" nunca foi tão relevante. O maior medo do regime é ver o povo perceber que todos são vítimas do mesmo problema, independentemente da etnia ou província de origem. Porque, quando isso acontece, o povo deixa de lutar entre si e volta a sua atenção para o verdadeiro inimigo: o sistema corrupto e opressor que governa Moçambique há décadas.


É por isso que o apelo à união precisa de ser cada vez mais forte. Não importa se és do Norte, do Centro ou do Sul. Não importa se és Tsonga, Chuabo, Macua, Sena ou Ndau. Todos somos moçambicanos.


A verdadeira batalha não é entre as nossas diferenças, mas sim entre o povo e aqueles que sempre quiseram manter-nos divididos. O dia em que todos os moçambicanos perceberem isso será o dia em que o sistema cairá.


Galhardo Vaz Negro 🧠

Postar um comentário

0 Comentários